Grupo trabalha para a construção da base teórica do feminismo

EDUCAÇÃO


                                                                                                                      Foto: Arquivo GEF
Universitárias participam de roda de conversa,  no 2º Encontro de Mulheres da UEMG Passos, realizado em 2019

 
Por Valéria Faleiros

Depois de um 2020 complicado por causa da pandemia de Covid-19,  o Grupo de Estudos Feministas (GEF)  da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG) de Passos,  retomou as suas atividades em janeiro deste ano e vem utilizando todos os mecanismos de tecnologia e comunicação possíveis para se manter conectado com suas integrantes e  para dar continuidade à proposta de desenvolver conhecimento histórico sobre o Feminismo e  as Lutas de Classes.

Criado em 2018  pela então estudante de direito, Eduarda Sansão, o GEF nasceu do coletivo feminista “Tarsilas” com o objetivo de fortalecer o conhecimento histórico e crítico de suas participantes em relação à luta das mulheres pelos seus direitos. 

A maioria das integrantes é estudante universitária da UEMG, no entanto, o grupo também está aberto para a participação das mulheres da comunidade, aliás, este é um dos desafios enfrentados pela atual coordenação que almeja ultrapassar as barreiras da faculdade e conseguir que os estudos e discussões alcancem também o público externo.

No princípio, as reuniões do GEF eram realizadas presencialmente, a cada 15 dias. Porém, com a chegada da pandemia, os encontros passaram a ser realizados mensalmente e no formato online.  De acordo com Kauara Oliveira Borim, aluna extensionista do projeto e também do 7º período do curso de Jornalismo, atualmente, o número de participantes nos encontros virtuais é de 30 mulheres em média.

Aproveitando-se do poder de difusão das informações pelas redes sociais, a coordenação do GEF decidiu criar uma página no Instagram @gefuemg e este tem sido o canal de comunicação  em que o grupo  divulga a maior parte dos seus conteúdos.  

Conforme Kauara, nos encontros são promovidos debates e discussões que tratam da mulher na sociedade.  “Nossos estudos têm seguido uma linha cronológica do tempo. No primeiro ano, trabalhamos o livro “A História das Mulheres no Brasil” que aborda a condição das mulheres desde a época da colonização. Em 2019, trabalhamos a mulher no século passado, e em sequência a luta das mulheres na ditadura no Brasil. Este ano, quando voltamos com as atividades do grupo, estudamos o feminismo da década de 80 até agora”, contou.

Nove universitárias trabalham como coordenadoras do GEF selecionando  os textos e temas dos encontros, criando conteúdos para o Instagram, fazendo a divulgação dos materiais,    entre outras atividades. Já a professora responsável pelo projeto é Rosângela Borges, do curso de Jornalismo. Conforme as estudantes, o GEF tem crescido bastante, e a cada ano que passa mais alunas se engajam no grupo com o objetivo de estudar o feminismo.

 

Feminismo: o que é?

Conforme Kauara, o feminismo representa a inquietação e o questionamento das mulheres em relação à  estrutura da sociedade capitalista e patriarcal. “Num determinado momento da história, as mulheres passaram a se perguntar por que os homens podem votar e nós não? Por que os homens podem trabalhar fora de casa, e nós não? Por que os homens podem andar livres à noite sem medo, e nós não ? Quando questionamos tudo isso, é óbvio que este sistema vai se voltar contra a gente e tentar impedir que continuemos, porque são questionamentos que vão buscar por mudanças.  E na tentativa de conter essas mudanças, ele cria mecanismos de opressão”, explica a estudante.

Atualmente, o feminismo vem sendo associado como um movimento de libertinagem, algo imoral e tão incorreto quanto o machismo. Sobre este fato, Kauara comenta  que o estigma é apenas uma das estratégias que o sistema utiliza para oprimir o movimento. “Estigmatizando, muitas mulheres não vão querer participar, vão se manter distantes  do movimento por se sentirem oprimidas ou porque vão ser mal vistas na sociedade”, completa.

Sobre o feminismo ser uma versão contrária do machismo, a coordenadora destaca que é mais um discurso para criar uma imagem negativa do movimento.  “Na cabeça deles, se  a gente critica tanto o machismo,  então por que queremos  uma sociedade em que as mulheres dominam? Porém, o que as pessoas  não entendem,  ou não querem entender, é que esse nunca foi o nosso objetivo. A gente não quer uma sociedade em que as mulheres dominam e oprimem os homens. Queremos apenas que os direitos sejam  iguais para todos”.

Em relação às conquistas alcançadas através dos movimentos feministas, a estudante ressalta que são significativas. Entretanto, ainda são muitas as lutas travadas. “Estamos vivendo a terceira onda do feminismo, seguindo para a quarta onda marcada pelo ativismo digital. A cada direito conquistado, nasce também uma nova  estratégia de opressão.  Hoje somos livres em muitos sentidos,  porém quando nos libertamos de um lado,  o  sistema tenta nos oprimir de outro. Os padrões de beleza  são um exemplo, eles nunca foram tão extremos, estão aí reforçados pelas mídias e pelas redes sociais. Quando a mulher não aceita o padrão de beleza que é imposto, ela é excluída de muitos rituais da sociedade”,  cita.

A jovem finaliza dizendo que o feminismo deve ser um movimento de transição para que as mulheres passem por este momento da história, percebendo as opressões que estão sobre elas.  “Quanto mais mulheres perceberem isto, mais acreditamos na construção de uma nova estrutura de sociedade, em que nenhuma mulher seja vítima de violência, receba um salário menor só porque é mulher, nenhuma tenha a sua capacidade colocada em dúvida, seja  violentada ou assediada na rua, enfim passem  por todos esses  problemas que a  gente sofre diariamente. Acredito que no final, seja viver numa sociedade que não precise mais do feminismo”, concluiu.


Leia também o conteúdo  sobre o Dia Internacional da Igualdade Feminina na nossa página no Instagram:   @blog_linhasdasgerais

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